“Nasci, literalmente, no meio dos trapos”
É considerada a primeira stylist portuguesa. Tem alma de mulher do Norte, com espírito de trabalho e uma mente criativa que nunca descansa. Patrícia Pereira vive para viajar, não suporta a mentira e tem um segredo para qualquer mulher estar sempre elegante. CRISTINA – Patrícia, quando é que percebeste que o teu futuro teria […] O conteúdo “Nasci, literalmente, no meio dos trapos” aparece primeiro em Daily Cristina.
É considerada a primeira stylist portuguesa. Tem alma de mulher do Norte, com espírito de trabalho e uma mente criativa que nunca descansa. Patrícia Pereira vive para viajar, não suporta a mentira e tem um segredo para qualquer mulher estar sempre elegante.
CRISTINA – Patrícia, quando é que percebeste que o teu futuro teria de passar pela moda?
PATRÍCIA PEREIRA – Muito jovem, por volta dos meus 16 anos. Nessa fase, acreditava que queria ser estilista, talvez por a minha mãe já o ser. O curso era de três anos, e quando já estava praticamente a terminar o segundo ano letivo, tivemos uma experiência de um desfile de moda dos finalistas, e eu adorei aquela logística dos bastidores: o pôr a roupa por ordem, fazer o fitting nos manequins… e foi muito curioso quando regressámos ao Porto, porque – este evento foi em Lisboa – a minha diretora de turma, no fim de uma aula, chamou-me e disse: “Patrícia, honestamente, acho que estás no curso errado, que a tua valência é para coordenação e produção de moda”, e eu perguntei-lhe: “O que é isso?” e ela disse: “Exatamente o que estiveste a desenvolver este fim de semana”. Aí foi muito curioso, porque não havia cursos em Portugal de coordenação e produção de moda, e foi quando descobri uma escola em Londres, e foi a minha opção.
C. – Com uma mãe estilista, crescer nesse meio moldou a tua vida?
P.P. – Claro. A minha mãe estava sempre a criar e algumas coisas davam certo, outras não, como é lógico, e foi muito giro ver esse desenvolvimento da carreira dela; eu já nasci, literalmente, no meio dos trapos. É claro que moldou a minha vida e seguramente terá influenciado a decisão do meu futuro profissional.
C. – O Porto é a tua casa. O que faz de ti uma mulher do Norte?
P.P. – Sim, o Porto é a minha casa, amo o Porto de paixão, aliás, adoro Portugal de uma forma generalizada. O que faz de mim uma mulher do Norte? Acho que são exatamente as características que todos nós conhecemos do Norte: uma personalidade determinada, sei bem o que quero, o que não quero, não sou uma mulher de muitas papas na língua, sou um bocadinho direta e frontal. Definitivamente, prefiro uma dolorosa verdade do que uma doce mentira.
C. – O que procuravas tu e o que encontraste, em Londres, quando te mudaste?
P.P. – Bem, a minha experiência na London College of Fashion, em Londres, foi fantástica, uma experiência única, voltaria a repeti-la, sem dúvida. Fui atrás da formação em Fashion Styling for Media, e fiquei incrédula quando percebi que a escola lidava com a Telva, com a Vanity Fair, com a Vogue, revistas que ainda não existiam em Portugal sequer e, algumas delas, nunca existiram até à data. Então era um mundo de moda. E muito mais desenvolvido e com contactos premium que cá, na altura, eram impensáveis. Foi uma grande mais-valia para mim e acredito que, se hoje faço televisão, foi devido a esta formação em Fashion Styling for Media.
C. – Foste uma das primeiras – se não a primeira – stylists em Portugal. Quando é que começaste? E quais foram os maiores desafios que encontraste no princípio da tua carreira?
P.P. – Bem, quando comecei, identifiquei uma série de dificuldades. E de constrangimentos, pois o mercado era muito fechado, pequeno. Já existia Moda Lisboa, Portugal Fashion, mas estes trabalhos, estes eventos de grande envergadura, já estavam atribuídos, e foi exatamente numa primeira tentativa minha de ser stylist em Portugal, e ter percebido que não era fácil, que decidi especializar-me e formar-me, para poder ter alguma vantagem, face aos profissionais que já existiam em Portugal. Depois da formação em Londres, tudo fluiu naturalmente. Cheguei e dei uma entrevista para a imprensa cor-de-rosa, cujo título era “Always Dressed to Impress” [Sempre Vestida para Impressionar]. Realmente fui denominada como a primeira stylist formada em Portugal, na época, e isso sim, naturalmente, abriu-me portas pelo facto de ser formada, o que foi fantástico.
C. – Há muitos anos que nos habituaste à tua presença nos media nacionais. Quais foram os projetos que mais te
desafiaram?
P.P. – O projeto mais desafiante que tive na minha vida, sendo que hoje para mim é super fácil, foi sem dúvida algumas das primeiras mudanças de visual no Você na TV (TVI). Não tinha experiência. Fui para a rua com uma equipa de gravações e foi mesmo muito desafiante. Até porque a primeira, pronto, nós depois contornámos em termos de edição, mas comecei pelo cabeleireiro, que efetivamente é a última coisa que nós podemos gravar. Portanto, claro que nessa fase cometi alguns pequenos erros. Depois entrou em velocidade de cruzeiro. Mas eu diria que foi o projeto mais desafiante de toda a minha vida; foi iniciar e ter sucesso numa mudança de visual.
C. – Como vês o panorama da moda nacional?
P.P. – Vejo a moda nacional no bom caminho, vejo os nossos jovens designers a serem cada vez mais internacionais, desde muito jovens, e a conseguirem descartar cartas, por isso, parabéns para a nossa moda.
C. – Se antes eram as top models e atrizes que ditavam a moda, hoje as influencers ganham cada vez mais espaço na disseminação de tendências. Como assistes a esse fenómeno?
P.P. – Antigamente (é verdade que eu também sinto saudades de ter as verdadeiras top models, sem muita edição, mas…) era um estereótipo de mulher, para uma passerelle e para uma campanha, o que não reportava a realidade de todas nós, não é? E, de facto, uma mulher pode ser bonita e pode ser interessante e pode ter imenso estilo sendo baixinha, gordinha, com um corpo menos perfeito e com o rosto também diferente daquele estereótipo de modelo de tudo muito perfeito. Então honestamente, como dito e referido, tenho saudades de ver algumas top models que nós vemos sem maquilhagem e dizemos, “Uau, que mulher linda”, mas gosto deste evoluir no mundo da moda e desta desmistificação, porque acho que todas as mulheres têm um lugar presente no mundo digital e comunicam para o seu nicho, o que é simplesmente fantástico e perfeito, na minha opinião.
C. – Nesta era em que o digital ganha cada vez mais terreno, o Instagram é também a tua montra de trabalho. Como fazes para o potenciar?
P.P. – Sim, o digital a cada dia ganha mais terreno, e o Instagram é onde eu tento, sem dúvida alguma, mostrar parte do meu trabalho, do meu dia a dia, dos meus looks… dar algumas dicas de beleza também, também gosto. Tento ter algumas colaborações, ter bons parceiros. Acho que é uma das minhas grandes vantagens. Se fizerem um scroll no meu perfil, vão reparar que não divulgo hoje um produto e amanhã outro do mesmo segmento. Tento ser muito cuidadosa quando estou a experimentar os produtos, para ter a minha própria análise.
C. – Tens 50 anos de idade, 25 anos de trabalho. O que esperas do futuro e que projetos gostarias de abraçar?
P.P. – Na verdade, sinto-me muito realizada com as diversas frentes que trabalho atualmente. No digital estou mesmo muito feliz.
Gostaria de otimizar o digital e crescer. E acredito que vá conseguir. Até acabei de adquirir uma máquina fotográfica. Portanto, estou mesmo convicta e confiante. Gostaria de me manter na televisão. Se possível, com a mudança de visual. Adoro. E é isso. Acima de tudo, uma viragem no digital. Todo o resto, para já, manteria tal e qual como está.
C. – Como gostas de ocupar o teu tempo livre?
P.P. – Nos meus tempos livres adoro viajar. Vivo para viajar, e se pudesse estava sempre a viajar. Acredito que é a única coisa em que nós despendemos dinheiro e ficamos mais ricos. Sei que esta frase é um cliché, mas não deixa de ser real. Estive recentemente em Tenerife, no hotel Tivoli La Caleta, que sugiro plenamente: desde o luxo ao conforto, mas acima de tudo o serviço, a localização e a decoração do hotel. São realmente diferenciados. Têm solução para tudo, para qualquer coisa que seja necessário durante a nossa estadia, é impressionante. Todos os colaboradores nos tratam pelo apelido, foi algo com que fiquei também incrédula, e esta viagem significou também uma viragem no meu digital. Porque se até à data eu me assumia como uma fashion influencer, agora assumo-me como travel fashion influencer. Essa também é uma das novidades da viragem para 2025.
C. – Quais são os teus essenciais de moda?
P.P. – Bom, costuma dizer-se que uma mulher bem calçada, com uma boa carteira, unhas arranjadas e cabelo feito está bem para qualquer situação. De facto, é verdade. Não nego que sou uma apaixonada por sapatos e carteiras, como praticamente todas as mulheres. Mas, para mim, há outro must-have, que são os óculos de sol. Acho que, se acrescentarmos à lógica anterior… imagina o
que é uma mulher entrar num espaço para reunir, num almoço, num restaurante, o que seja, com o trio maravilha, portanto, com os
sapatos, a carteira e os óculos de sol. É muito mais imponente. Não vivo sem a minha querida parceira, que é a ótica médica Cortez
Marques, de Paredes, que tem as melhores marcas, como é o caso destes óculos cor-de-rosa que uso na foto, e que são realmente
irresistíveis. São de uma marca italiana que eu amo. É super recente no mercado em Portugal, mas tenho a certeza de que vai
dar cartas em breve.
C. – Sei que tens novidades para breve. O que nos podes contar sobre o que estás a preparar?
P.P. – Tenho uma novidade, sim. É uma história muito gira. Vou lançar brevemente, em parceria com a marca Eugénio Campos, uma mini coleção. A história como isto aconteceu é interessante. Cheguei ao showroom do Eugénio Campos, para fazer umas escolhas para um styling para mim, e vejo que está a chegar um produto. E então, intuitivamente, comecei assim a olhar para o produto, e disse à Rafaela Campos: “Adoro isto, isto é super giro, vou querer para mim, amo”. E ficámos assim a olhar uma para a outra, e diz-me a Rafaela: “E porque não, então, pegarmos nestas tuas escolhas, fazias uma sessão fotográfica e lançávamos a coleção?”. E eu, que sou uma mulher que adoro desafios, disse logo, “Mãos à obra, vamos a isto, vou já começar a pensar no conceito”. E assim foi. Se bem que o conceito foi natural, escolhi uma estrela, porque acho que todas nós somos uma estrela; escolhi uma clave de música, porque adoro música e faz-me sentir leve e bem; escolhi um clássico para mim, porque gosto de looks elegantes, e estou muito contente e entusiasmada com esta novidade, assumo.
Créditos:
fotografia Ricardo Marques
agradecimentos Hotel @tivolilacaletatenerife
Look Vicolo, disponível em andrecosta.pt (@andrecostagroup)
Óculos de sol Óptica Médica Cortez Marques
Jóias da coleção As escolha da Patrícia para Eugénio Campos
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